FAÇA SUA PESQUISA

terça-feira, 17 de agosto de 2010

BELA, ASTUTA E... NOSSA!


BELA, ASTUTA E... NOSSA!3

Se houve prostituição, não sei
O certo é que a concepção foi no meio da mata
E envolve tropeiros, carpinteiros, pedreiros, engenheiros...
Grosso, duro, teso...
O homem arranca o pau bruto
Que desce abrupto
E ela não é mais uma virgem!

Foi assumida por todos
Se houve uma discriminação anterior
Era apenas por ela ser do interior.
Sua fama foi se espalhando
Atraindo aventureiros de novos horizontes
E as relações foram aumentando
Fertilidade jamais vista!

Se foi um ato selvagem?!!!
Mas quem poderia arrancar o pau
Não fosse a inteligência humana
E a força animal?!!!

Antes de tudo uma relação miragem
Trazida à frente
Para que hoje possamos gozar.

O pau tombado é cortado
Primeiro a tara... Não! A tora.
Depois a viga, caibros e tábuas.
O homem martela, martela, martela...
Martela na cabeça do prego...
Martela na cabeça do homem...
Qual será o seu nome?
A pousada pronta é bela!

Parada dos Tropeiros.
Encruzilhada
Aparecida dos Portos
Tais nomes não combinaram
Que nome iam lhe dar?

Um dia, já era noite
E já caia o orvalho
A cobra não falava
Mas a expressão dominava
No balanço do chocalho

Com ela no pensamento
O pau cuspiu fogo...

Mais uma vez o pau desce
Duro, forte, e violento
Cerimônia ao relento
O sangue derramado!
No mesmo nome,
O mesmo lugar batizado!
..........................................
É a massa trabalhada
Que nunca mais foi Parada.
É uma grande Encruzilhada!
É a bela Aparecida!
Em seu dorso projetada
Por Dirceu Rosa, esculpida

Tivesse Nhô Jéca ainda vivo,
Será que acreditaria,
Vendo em que se transformou
Aquela que provocou
Grande susto e gritaria?!

Dorme em paz ó pioneiros!
Que aqui foram os primeiros
A dormir!...
A ouvir o barulho dela!

Labuta ó contemporâneos!
Que o barulho continua!
Mas de um progresso instantâneo
É o barulho da rua!

Não era uma prostituta!
Era só uma terra crua
Esposada no meio da mata, é certo,
Mas coberta de concreto,
Ela não está nua...
Está bela e astuta!

Não é nenhuma caipira
Mas nasceu da mata
Do tropeirismo e da roça

Toda minha...
Toda sua...
Toda nossa!



Poesia premiada em primeiro lugar no 1º Concurso Literário Sandálio dos Santos e publicado no livro Paço das Artes, Série Concurso Literário Celso Sperança, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Cascavel, Dezembro 2000.

3 comentários:

  1. Parabéns, poeta, pela poesia linda,
    que jeito mais da terra, mais do mato,
    mais da gente, de dizer todas essas
    coisas, por este prisma insuspeitadas.

    ResponderExcluir
  2. Olá agradeço por ser meu seguidor, desejo á ti tudo de bom.
    Espero que possa ser meu leitor querido desde já, Seja Bem Vindo!

    ResponderExcluir