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sábado, 16 de julho de 2011

A ASA BRANCA E AS PALMEIRAS DO SERTÃO



Martins Pescador

Minha terra tinha palmeiras
Onde cantava o sabiá
Aqui não gorjeiam aves
Lá podiam gorjear
(G. Dias (lá por 2100)

O sabiá das palmeiras
Nunca pensou em faltar
O galho de uma palmeira
Aonde pudesse pousar

Fosse ele o responsável
Estaria ainda a cantar
Sem nunca ter nem pensado
Noutra medida tomar

Que mal seu canto nunca fez
Ao galho onde pousou
Fosse dele a decisão
Não faria o sol como fez
Da terra um seco torrão

Que saudade da palmeira
Saudade do sabiá
Saudade da terra úmida
A seca nada nos dá

Nações de todo o mundo
Cantando em coro uníssono:
Asa branca bateu asas
E voou para o sertão
Não tinha água, não tinha nada
Morreu de sede, meu alazão!
(L. Gonzaga)

Carta de descobrimento disse a El Rei:
-          aqui nessa terra tudo que se planta dá
(Pero Vaz de Caminha)
E a última carta será quem escreverá
Dizendo aos “sobreviventes” não há mais que se plantar!

Não foi o bandido
Nem o vagabundo
Mas o homem santo1
Que acabou com o mundo!

O crime daqueles são coisas pequenas
Ante os crimes destes de expansão terrena

O apocalipse agora é provado
Cientificamente reanunciado
Não há mais no mundo o que se fazer
É irreversível vai acontecer

Os nossos esforços são para prolongar
Os nossos sofrimentos a se acumular

Agora é só Deus quem pode resolver
Se perdoa o homem
Se o deixa sofrer

Quem sabe o homem em seu saber profundo
Não se iguale a Deus para refazer o mundo

Faça do nada surgir nova terra
Tão magnífica como a que encerra

Toda esperança em uma nova Criação
Que não possa ser vencida
Pela nossa ambição!

Será que o homem vai escolher um canto tórrido do deserto em insolação?!
Será que vai preferir o canto alegre das campinas verdejantes?!
Tanto poder na destruição!
Tanta falta de recursos e iniciativas na reconstrução!
Crucificação da humanidade
Com a madeira construímos a nossa cruz
Senhor! Por que nos abandonastes?!

A palmeira sem reposição
O canto do sabiá foi em vão!
Asa branca bateu asa
Voou procurando casa
Mas casa não tinha não!

Todos sofremos na vida
Por causa da palmeira caída

Eu ponho ponto final
Porque o clamor é sem fim
Cantei pela asa branca!
Sabiá cantou por mim!

1Colonizador, homem de posse, de  “bem”  normalmente seguidor de uma religão e principal  responsável pelo desenvolvimento e progresso.

5 comentários:

  1. Boa tarde Martins!

    Passando para deixar o meu abraço e desejar a vc uma ótima tarde!

    Podendo- apareça no Alma!

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  2. Olá Martins!!

    Um forte abraço!

    Por onde andas rapaz?

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  3. POETA,ADOREI SEU ESPAÇO E SEUS BELISSIMOS POEMAS.SOU CO-AUTORA DE UMA ANTOLOGIA E GOSTARIA DE CONVIDA-LO A PARTICIPAR CONOSCO..CASO TENHA INTERESSE ENVIE E MAIL PARA PROFESSORAREGINA2007@GMAIL.COM
    ABRAÇOS POÉTICOS

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  4. Pode se dizer que a paráfrase feita com os versos acima são a verdade que se tem falado há tempos.Será que haverá um futuro para podermos escrever algo?
    Muito reflexivo seu poema.Um grande abraço!

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  5. Olá Martins,
    que profundo o seu poema, muito boa a sua reflexão. O que será que vem?
    Abraços!
    Carla

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