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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

POLÍTICA DE CORDEL

 

POLÍTICA DE CORDEL

O que tinha esse povo

Dentro de cada cabeça

Encher de vermes a república

Deixar que ela apodreça

PÁTRIA AMADA E IDOLATRADA

Salve, salve-se quem puder

A pátria foi assaltada

Não vê isso quem não quer

Um príncipe ergueu a espada

Gritou por independência

Já quase duzentos anos

Independência de nada

Luiz Inácio do Sertão

Que aqui era o camarada

Obama disse  "é o cara"

Aqui disseram é ladrão

Só por ter dado ao pobre

Acesso a ganho e pão

Não entendem que mais pobre

São os que nega o pão

Quem quer partilha descobre

Que é comunista ou ladrão

Difícil mostrar ao nobre

Que o princípio é cristão

Uns tem coração de ouro

Outros de cobre ou latão

Depende a composição

Tem ferrugem e corrosão

Tem coração que é só banhado

É pura bijuteria

O dia que é apanhado

Desculpa-se "não sabia"

São quase duzentos anos

O pobre esperando o dia

No presente a escuridão

No futuro a utopia

Foi sempre uma escravidão

Nunca houve uma alforria

Os custos da senzala

Pesava na produção

O salário compensava

Esse custo do patrão

O pobre foi enganado

Por essa inovação

Trabalha e ganha dinheiro

É por conta a sustentação

Se esforça porque é "livre"

Sem entender a razão

Que o salário é o mesmo custo

De manter a escravidão

Quem é livre faz seu preço

E quem faz isso é o patrão

Mas livre logo me esqueço

Se já fui da escravidão

Vou logo metendo o preço

Quero ser sempre patrão

Ter o lucro que eu mereço

Vivendo da exploração

Um dia quem sabe um dia

Tudo será diferente

Duzentos anos a mais

Talvez outro presidente

Nem que seja outro ladrão

A dar ao pobre o que é bom

Esperança não se perde

Se perdura pelos séculos

Enquanto a política fede

Deixa os presentes incrédulos

Tudo é interesse próprio

Para o bem particular

No amor declarado à pátria

A intenção de roubar

Do pobre nenhuma dó

O que é bom é dado aos poucos

O que é ruim de uma vez só

Tem trabalhador pensando

Que é empresário e doutor

Só por ter uma lojinha

Uma oficina, um motor

Pensa que é capitalista

Com o dinheiro emprestado

Vive pagando juros e aluguel o coitado

O risco é social, precisa ser evitado

Cultura e educação é um perigo danado

Para manter a escravidão

O escravo é conformado

Não pode ter consciência

De que está sendo explorado

Se assim tiver vai ficando

Cada vez mais revoltado

Precisa viver pensando

Que ele está sendo ajudado

Faz tudo para o patrão

Fica devendo favor

Como se o trabalho dado

Fosse um gesto de amor.

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