FAÇA SUA PESQUISA

sábado, 4 de junho de 2011

NUNCA VI, NEM COMI, EU SÓ OUÇO FALAR

NUNCA VI, NEM COMI, EU SÓ OUÇO FALAR
Martins Pescador

A beira do Rio Cavernoso
Nasceu um sujeito feioso
Mistura de indio com branco
Ninguém sabe se foi prazeroso

Não sei se do branco ou da india
De quem herdou tanta feiúra
Se era feia a pobre criatura
Eram os pais mais feios ainda

Logo que posto no mundo
Um cacique velho e morimbundo
Já lhe deu a sentença de morte
Que p´ra ser um guerreiro da tribo
Precisava ser belo e forte

A mesma mulher que o pariu
P´ra não vê-lo jogado no rio
Sem nem mesmo um nome lhe dar
Pegou o filho nos braços
E com o coração em pedaços
Levou para o branco cuidar

O branco que era sozinho
O que era feio achou bonitinho
Deu água, comida e carinho
Salvando a vida do pobre indiozinho

Ninguém sabe qual a plenitude
Dos seus feitos de infância e de juventude
É sabido que aos dezoito anos
Alistou-se para ser militar
Fez as malas, ajuntou os seu panos
Foi ao exército aprender a marchar

Ninguém sabe se lá destacou-se
Quanto tempo conseguiu ficar
Hoje, velho ele conta as histórias
Do tempo em que foi militar

Eu nem sei se de fato existiu
Peço dele ninguém nunca viu
Eu só conto o que ouvi falar
Se um dia encontrares com ele
Muitas histórias ele vai lhe contar
Faça conta que acredita nele
Não deixe ele te enganar

Meio por cima é que eu conto essa história
Sem o nome poder revelar
Que esse cara é na minha memória
Semelhante com o Caviar
Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar!



2 comentários:

  1. Belo poema que nos conta uma história.Gosto da leitura de ótimos poemas,pois além de serem bonitos têm uma história a nos contar,como o seu que nos mostra que muitas coisas só ouvimos falar,mas como você, quem nos conta nos faz acreditar.Queria eu ser poeta e poder a beleza contar.....Um grande abraço!

    ResponderExcluir